Transformando tradição em progresso: a governança no agronegócio não apenas impulsiona a transparência e eficiência, mas também promove a sustentabilidade e justiça social. Descubra como a implementação eficaz da governança está moldando o futuro do agronegócio.
A governança empresarial, uma terminologia relativamente nova no cenário corporativo brasileiro, tem gradualmente se estabelecido como uma prática essencial para gestores e stakeholders, tanto em grandes companhias como em empresas de menor porte. Mesmo as startups, conhecidas por sua inovação e flexibilidade, têm adotado as ferramentas de governança corporativa para definir processos e garantir a segurança de seus empreendimentos.
No âmbito do agronegócio, embora ainda em relativo estágio inicial, a governança já desempenha um papel significativo no cotidiano de muitas empresas agrícolas e propriedades rurais familiares. Isso se deve, em grande parte, às exigências externas relacionadas à obtenção de crédito, comercialização e conformidade com requisitos legais e regulatórios.
Nesse sentido, é crucial reconhecer as particularidades do agro em geral, onde a tradição desempenha um papel central, visto que a grande maioria das propriedades é gerida por famílias, cenário que exige a implementação de protocolos para a profissionalização dos negócios.
No contexto agrícola, a governança assume um papel ainda mais crucial do que no mundo corporativo em geral. Os consultores responsáveis pela implementação de práticas e procedimentos muitas vezes se deparam com o desafio de construir e consolidar processos em empresas familiares, lidando com interesses diversos e disputas emocionais em meio à falta de estruturas de gestão bem definidas.
Em termos de instrumentos e estruturas, a governança no agronegócio pode ser categorizada em diferentes aspectos: governança corporativa, que trata da gestão das estruturas empresariais; governança familiar, que regula as relações entre empresa, sócios e familiares; e governança jurídica, que aborda questões de sucessão e estabelecimento de estruturas societárias e tributárias adequadas.
As características específicas dos negócios agrícolas influenciam a complexidade da governança corporativa, visto que empresas com estruturas enxutas e centralizadas tendem a ter governanças menos complexas, enquanto corporações mais profissionalizadas e hierárquicas necessitam de modelos mais robustos, muitas vezes por exigência legal ou de mercado.
Nos últimos anos, o conceito de sustentabilidade, representado pelo acrônimo ESG (ambiental, social e de governança), tem ganhado destaque na condução dos negócios em todo o mundo. A adoção de medidas de responsabilidade socioambiental e boas práticas de gestão tornou-se essencial para o desenvolvimento empresarial.
No agronegócio, essa tendência não é diferente. Produtores conscientes das demandas ambientais e sociais têm buscado implementar práticas de governança que não só promovem a transparência e profissionalização, mas também contribuem para a sustentabilidade e justiça social.
Tanto pequenos produtores quanto grandes agroindústrias podem e devem adotar medidas de governança para garantir o desenvolvimento e a perpetuação de seus negócios. A implementação eficaz da governança corporativa, familiar e jurídica proporciona benefícios mútuos para produtores, fornecedores, clientes, sociedade e governos.
Em suma, a governança desempenha um papel crucial no sucesso e sustentabilidade do agronegócio, desde a gestão da terra até a mesa do consumidor. Sua adoção é fundamental para garantir a competitividade no mercado e evitar perdas decorrentes de desentendimentos e falta de visão estratégica na condução dos negócios.
Nathan Matheus
29/02/24