A categorização das temáticas, conforme os ramos de direito, sempre foi uma preocupação dos estudiosos, dada a necessidade de se estabelecer uma ligação essencial entre a norma jurídica, que define o universo legal, o fato jurídico, que o compõe, e a eficácia jurídica, que o completa.
Nesse contexto, o Direito do Agronegócio desempenha um papel fundamental na regulamentação e promoção da atividade que sustenta a base alimentar a nível global.
O Direito do Agronegócio tem como elemento regulador um microssistema próprio na seara daquele ramo principal, sendo tal ordem caracterizada por regras e princípios especializados, espécies do que seriam as normas jurídicas aplicáveis a seu objeto central: o complexo agroindustrial.
No cerne do Direito do Agronegócio estão desde os contratos agrários, que estabelecem as bases legais para as transações entre produtores, fornecedores e distribuidores e que são essenciais para garantir a segurança jurídica das relações comerciais, promovendo a transparência e a equidade, até questões ambientais relacionadas ao uso sustentável da terra, gestão de resíduos e práticas agrícolas visam equilibrar o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente.
Os princípios básicos do Direito do Agronegócio são, basicamente:
a) função social da cadeia agroindustrial;
b) desenvolvimento agroempresarial sustentável;
c) proteção da cadeia agroindustrial; e
d) integração das atividades da cadeia agroindustrial.
Da mesma forma, em termos conceituais, um sistema agroindustrial pode ser visto como um conjunto de seis grupos de atores econômicos diferentes: agricultura e pesca, indústrias agroalimentares, distribuição agrícola e alimentar, consumidor final, comércio internacional e indústria e serviços de apoio.
Cabe ao Direito do Agronegócio regular esta cadeia, cuidando dos negócios jurídicos agroindustriais, para que produzam eficácia jurídica, passando a gerar efeitos sobre a esfera patrimonial dos agentes econômicos, na forma determinada pelo regime jurídico do agronegócio.
Qual a diferença entre o Direito Agrário e o Direito do Agronegócio?
Embora o Direito Agrário e o Direito do Agronegócio compartilhem semelhanças, eles representam facetas distintas do sistema jurídico, focando em diferentes aspectos da atividade agrícola.
O Direito Agrário concentra-se principalmente nas relações legais ligadas à posse da terra, arrendamento rural, regulação de práticas agrícolas e questões ambientais relacionadas à agricultura. Ele é mais abrangente, considerando o lado tradicional e histórico da agricultura, muitas vezes lidando com normas mais antigas que moldaram a atividade ao longo do tempo.
Por outro lado, o Direito do Agronegócio tem uma abordagem mais contemporânea e concentra-se nas relações comerciais e transações que ocorrem ao longo da cadeia produtiva agrícola, ou seja, o complexo agroindustrial. Envolve contratos agrários, financiamento agrícola, responsabilidade civil em transações comerciais, regulação de agroindústrias, propriedade intelectual relacionada a inovações agrícolas, câmbio, comércio internacional, entre outros.
Em resumo, enquanto o Direito Agrário lida com as questões fundamentais relacionadas à prática da agricultura, o Direito do Agronegócio está mais focado nas transações e relações comerciais que permeiam toda a cadeia produtiva, incorporando elementos legais específicos do contexto econômico e comercial do Agronegócio. Ambos desempenham papéis cruciais para garantir um ambiente jurídico equitativo e sustentável para a agricultura em suas diversas dimensões.
Qual o papel do advogado especializado em Direito do Agronegócio?
Ter um advogado especializado no Direito do Agronegócio é crucial devido à complexidade e especificidades legais desse setor, que abrange questões não só jurídicas, mas negociais e de análise mercadológica. Um advogado especializado tem um conhecimento aprofundado dessas nuances, garantindo que sua orientação seja precisa e adaptada ao contexto agrícola.
Como abordado, o Agronegócio está sujeito a vários riscos, como flutuações de preços de commodities, condições climáticas imprevisíveis e regulamentações em constante mudança.
- Um advogado especializado pode ajudar a identificar e mitigar esses riscos, proporcionando segurança jurídica nas transações e operações comerciais.
Além disso, os contratos no Agronegócio podem ser intrincados, envolvendo acordos entre produtores, distribuidores, agroindústrias e outros intervenientes.
- Um advogado especializado pode redigir contratos claros e abrangentes, protegendo os interesses de todas as partes envolvidas.
Como já mencionado, o cumprimento das regulamentações ambientais e agrícolas é essencial para a sustentabilidade do Agronegócio.
- Um advogado especializado pode orientar as práticas agrícolas em conformidade com as leis, evitando litígios e garantindo a conformidade legal.
Ademais, em um setor dinâmico como o Agronegócio, os conflitos podem surgir.
- Um advogado especializado não apenas pode ajudar a prevenir litígios, mas também é crucial na resolução eficiente de disputas quando elas ocorrem, seja por meio de negociações ou litígios judiciais.
Por fim, as leis e regulamentações no direito do agronegócio podem mudar, afetando as práticas e operações.
- Um advogado especializado mantém-se atualizado com as mudanças legislativas, garantindo que seus clientes estejam cientes e em conformidade com as últimas normas.
Nesse interim, a relevância de um advogado especializado no agronegócio reside na capacidade de oferecer orientação legal personalizada, adaptada às complexidades específicas desse setor, contribuindo para a segurança, conformidade e sucesso a longo prazo das operações agrícolas.
Janaína Stein
11/12/2023